Como gerente de vendas em Ribeirão Preto descobriu câncer raro a partir de dor no pescoço
Leonardo Simões e Silva notou que havia algo errado ao ter dificuldade para engolir durante café da manhã: 'Nunca achei que ia falecer'. Histiocitose das células de Langerhans acomete 1 a cada 1 milhão de adultos no mundo.
Uma semana depois que completou 32 anos, o gerente de vendas Leonardo Simões e Silva acordou com uma dor forte no pescoço. No café da manhã, não conseguia engolir e sentiu desconforto.
Leonardo Simões, de Ribeirão Preto (SP), procurou hospital por conta de uma dor de garganta e foi diagnosticado com tipo raro de câncer — Foto: Arquivo pessoal
"Falei 'bom, devo estar com alguma inflamação na garganta'. Fui para o hospital pra pegar uma receita de anti-inflamatório. Foi um sábado e eu falei quando cheguei 'olha, eu sou super adepto a tomar alguma coisa intravenosa, porque quero estar bem para já sair hoje à noite'. A médica que me atendeu, colocou a mão no meu pescoço e falou 'opa, tem alguma coisa estranha, vou chamar outro médico'".
Começava ali o diagnóstico que mudaria a vida de Leonardo pelos quatro meses seguintes. O ano era 2022 quando ele descobriu um câncer raro nos gânglios do pescoço.
"Eu estava super bem. Uma semana antes, tinha pedalado 70 km, então não me sentia nem um pouco mal. Cheguei brincando [no hospital] porque achei que era uma dor de garganta, algo normal, corriqueiro. Fiquei internado por oito dias".
Naquele dia, Leonardo foi diagnosticado com um tumor. Ele ainda não sabia, mas tratava-se de uma histiocitose das células de Langerhans (HCL), um tipo extremamente raro de câncer, que acomete um a cada um milhão de adultos no mundo.
Médica de Leonardo, a hematologista Sarah Bassi, da Oncoclínicas Ribeirão Preto, explica que, por não ser uma doença comum, o diagnóstico demorou para sair.
"Não é habitual de forma nenhuma e é mais comum em criança. É uma incidência de cinco a nove casos em cada um milhão de crianças abaixo de 15 anos e um caso a cada um milhão em pessoas acima de 15 anos, então em adultos. É uma doença oncohematológica, então é um tipo de câncer caracterizado por um acúmulo de células que são mieloides do tipo dendríticas, acompanhado por todo um processo inflamatório".
Histiocitose é quando há produção exagerada de histiócitos no sangue, que são células do sistema de defesa do organismo. Segundo Sarah, há 100 subtipos de histiocitose e a 'mais comum' é a histiocitose de células de Langerhans.
"É um tipo de câncer que pode acometer qualquer órgão. Em 80% dos casos, acaba acometendo o esqueleto, cerca de uns 30% dos casos, a pele, porque essa células de Langerhans inclusive estão na pele. Mas pode acometer qualquer órgão, fígado, baço, inclusive, como foi no caso do Leonardo, os linfonodos, que são os gânglios que a gente tem pelo corpo".
Quimioterapia e certeza de cura
Após o diagnóstico, começou a luta de Leonardo para combater a doença e ele diz que nunca duvidou da cura.
"Naquele momento que eu recebi a notícia que eu realmente tinha um tumor, só pensava em como conversar com as pessoas que eram próximas a mim, como podia dar essa notícia de uma forma mais tranquila. Me apoiei muito na questão de que eu sempre fui muito positivo, então pensei 'eu vou encontrar a cura'".